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​     O formaldeído reage com diversos alvos biológicos e cria adutos de DNA e proteínas, bem como ligações cruzadas entre DNA e proteínas. Esta última é a alteração principal induzida pelo formadeído, como se vê na Figura 1. As ligações cruzadas são estabelecidas em casos em que se verifica interações próximas entre o DNA e as proteínas, e dão-se preferencialmente entre a lisina, histidina, cisteína e triptofano e a desoxiguanina, desoxicitosina e desoxiadenina. Estas ligações são instáveis, pois podem ocorrer hidrólises espontâneas. Porém, mutações podem ocorrer, especialmente em células proliferativas.

   Este aldeído tem sido também associado a aberrações cromossomais e, consequentemente, é visto como citotóxico, genotóxico e carcinogénico. O cancro da nasofaringe e as leucemias têm sido os mais associados ao formaldeído. Também se pensa que este possa ter alguma ligação com doenças neurodegenerativas, devido ao facto de este ser apoptótico.

     No entanto, não há ainda certezas acerca da carcinogenicidade do formaldeído e do seu mecanismo. [1]

Carcinogenicidade do Formaldeído

​      Parece pouco provável que o formaldeído inalado possa danificar as células estaminais da medula óssea diretamente e causar uma leucemia da mesma forma que outros agentes, devido à sua natureza reativa. Estudos sugerem que o formaldeído pode chegar à medula óssea diretamente na sua forma de metanodiol hidratado. Esta dependência de um intermediário reativo constitui um mecanismo padrão para a toxicidade de agentes causadores de leucemia nos humanos conhecidos. No entanto, mais estudos são ainda necessários para determinar se o metanodiol, ou outro intermediário é formado in vivo e consegue manter-se em circulação o tempo suficiente para chegar à medula óssea e produzir efeitos carcinogénicos. [2,3]

​    Outro mecanismo proposto depende da penetração do formaldeído, ou de um derivado tóxico, na circulação e a presença de células percursoras mielóides na circulação, que circulam para dentro e para fora da medula. Sabe-se que uma grande porção de percursores sanguíneos consegue circular pelo sangue e através da mucosa nasal, sendo portanto plausível que a exposição crónica ao formaldeído afete um número considerável de percursores, levando ao dano de DNA e provocando danos medulares. [2,3]

 

Figura 1 - Ligações cruzadas potenciadas pelo formaldeído (Voulgaridou et al, 2011)

Formaldeído e Leucemia

Figura 2 - Mecanismo de toxicidade do formaldeído, causando leucemia (Zhang et al, 2009)

​      Por fim, propõe-se outro mecanismo, que se prende com o facto de existirem células pluripotentes que residem nos tecidos nasais, ou perto deles, que são imóveis, a não ser que sejam transformadas em percursores leucemóides. Quando isto acontece, estes percursores ficam livres para se alojarem na medula óssea, e pensa-se que a irritação nasal induzida pelo formaldeído pode estar envolvida nesta translocação. [1]

Bibliografia:

[1] Voulgaridou G, Anestopoulos I, Franco R, Panayiotidis MI, Pappa A, (2011) DNA damage induced by endogenous aldehydes: Current state of knowledge. Mut. Res. 711: 13–27.

[2] Goldstein BD, (2010) Hematological and toxicological evaluation of formaldehyde as a potential cause of human leukemia. Hum Exp Toxicol 30(7): 725–735.

​​

[3] Zhang L, Steinmaus C, Eastmond EA, Xin XK, Smith MT (2009) Formaldehyde exposure and leukemia: A new meta-analysis and potential mechanisms. Mut. Res. 681: 150–168.

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